A menina de sorriso largo, vestida de ingenuidade ficou para trás. Tropeça na calçada, dá gargalhadas, nada faz sentido. Cresceu a acreditar no conceito de amor eterno. Palavras ditas e descritas mas desconhecidas. A eternidade do amor apenas se mantém na memória, na realidade deitamo-nos com desejos, vivemos com paixões, vivemos momentos de efémera felicidade. Somos humanos, nunca estamos satisfeitos, a eternidade nunca terá convite.
Apesar do vazio, reencontra-se no calor da lareira, protegida pela sua manta, bebe um copo de vinho e celebra o regresso do frio. Esse regresso que nada trás de novo, apenas o cheiro das castanhas assadas, as calçadas que se vestem de folhas, as primeiras luzes artificiais.
A menina ficou para trás, mas a loucura mantém-se, o desejo e a paixão por aquilo que interessa também. A mulher sente-se cansada, precisa de retirar-se para recuperar as forças, protege-se do frio, afasta-se, volta aos lugares comuns.