Jan 30, 2009

Ausência de estar, ausência de ser

"Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca

O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio.
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para alem do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente."
Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comments:

Unknown said...

Por vezes, preciso de aquilo que apenas ela me pode dar - a sua ausência.

Beijos,

Someone said...

Por vezes a ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços...
Por vezes a ausência é negra e suga-me o corpo...

beijos

NRF said...

Nice one! Cheers

Someone said...

Welcome Nuno Revol!
Cheers for you too.