Apr 29, 2009

Acaso

No acaso da noite o acaso daquele olhar
Mas não, não era aquele.
O outro era noutra rua e eu era outra. 
Perco-me subitamente da visão imediata, 
Estou de novo numa nova rua
Passa um novo olhar
Mas procurava outro.
Agora perco por saudade por não ver aquele olhar
O outro, e o outro.
E tenho pena de não ter sequer seguido o outro olhar.
Por entre olhares e acasos
A minha alma vive virada do avesso
Do outro avesso que me faz escrever
Versos,  passar por louca ou talvez por génia, talvez.
Essa alma que vive de maravilhas,
de saudades, de ausências, de estares
No acaso que esse olhar me algemou
Ou outro olhar, ou aquele que ainda está para vir.
Mas dizia que naquele olhar 
Cresci na lua cheia e bebi a chuva que caiu
Abracei amanheceres do acaso
Sangrei os desejos e soltei os medos
medos que vivem na tranquilidade
crescem devagarinho
mas por acaso fazem todo o sentido.
Nas calçadas que percorri deixei o meu olhar para trás
Ou terei por acaso percorrido estradas já conhecidas?
Nelas passam outros por mim
lançam estranhezas ou talvez apenas ares fogosos.
Mas por entre acasos sei que sou outra.

baseado em "acaso" de Álvaro de Campos

2 comments:

Unknown said...

De acordo com Aristóteles, todas as acções humanas têm uma ou mais destas sete causas: acaso, natureza, compulsão, hábito, razão, paixão e desejo.

Concordo com o senhor. Não percebiam só de salada, os gregos.

φιλιά

Someone said...

Afinal e segundo o senhor Aristételes, não sou assim tão louca!
Não percebiam de saladas?
E então o queijo feta? Tão bom quando mergulhado no tomate cherry e no vinagre balsamico iami iami!

μεγάλα φιλιά