"Na verdade, se nos fosse dado penetrar com os olhos da carne na consciência dos outros, julgaríamos com mais segurança um homem pelo que devaneia do que pelo que pensa. O pensamento é dominado pela vontade, o devaneio não. O devaneio, que é absolutamente espontâneo, toma e conserva, mesmo no gigantesco e no ideal, a figura do nosso espírito. Não há coisa que mais directa e profundamente saia da nossa alma do que as nossas aspirações irreflectidas e desmesuradas para os esplendores do destino. Nestas aspirações é que se pode descobrir o verdadeiro carácter de cada homem, melhor do que nas ideias compostas, coordenadas e discutidas. As nossas quimeras são o que melhor nos parece. Cada qual devaneia o incógnito e o impossível, conforme a sua natureza."
Victor Hugo, in 'Os Miseráveis'
5 comments:
O Sr. Boavida (curioso paradoxo) pensa que eu o estava a ouvir, mas eu estou sentado na lua e estou a caminhar no ar. A galopar num dinosauro e a trepar na porta. Eu estou a voar com um pato no céu.
Beijos,
Ora bem...devaneios sob efeito de coisas giras e com cheirinho a campo? ou talvez devaneios reveladores de uma mente agitada, que se refugia no imaginário para controlar o real?
beijos
e acho que não importa de onde eles vêm...sou da opinião que os devaneios são uma verdadeira forma de libertação!Inventar, imaginar, criar o que nos apetece!
Devaneios ao natural, sem recurso a alucinogénios ou ervas aromáticas. Just let go. Libertar a mente nem sempre é uma fuga ou real.
A propósito, o que é o real? Podendo ser controlada, continua a ser realidade?
Controlo a minha realidade, crio a minha realidade para seguir em frente com a realidade do outro. O real, precepção que temos sobre determinada coisa?
Tantas são as vezes que não somos capazes de distinguir o real do imaginário...ai não controlamos nada...ou talvez sim, nada é rígido, tudo pode ser aquilo que quisermos.
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