Jan 30, 2009

Ausência de estar, ausência de ser

"Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca

O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio.
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para alem do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente."
Sophia de Mello Breyner Andresen

Jan 29, 2009

Lost highway

Unable so lost,
I can't find my way,
Been searching, but I have never seen,
A turning, a turning from deceit.
'Cause the child roses like,
Try to reveal what I could feel,
I can't understand myself anymore,
'Cause I'm still feeling lonely,
Feeling so unholy.
(...)
And this loneliness,
It just won't leave me alone, oh no.
I'm fooling somebody,
A faithless path to roam,
Deceiving to breath this secretly,
A silence, this silence I can't bear.
(...)
A lady of war,
A lady of war.

Jan 28, 2009

A strange day...

Give me your eyes
That I might see the blind man kissing my hands
The sun is humming
My head turns to dust as he plays on his knees
And the sand
And the sea grows
I close my eyes
Move slowly through drowning waves
Going away on a strange day
And I laugh as I drift in the wind
Blind
Dancing on a beach of stone
Cherish the faces as they wait for the end
A sudden hush across the water
And we're here again...
And the sand
(...)
My head falls backs
And the walls crash down
And the sky
And the impossible
Explode
Held for one moment I remember a song
An impression of sound
Then everything is gone
Forever

Jan 26, 2009

Entre teias

Empurraram-te para uma teia gigante,
desejas ansiosamente em sair
da teia que se transformou
resistente e pesada.
A aranha desceu silenciosamente
sem pedir licença.
Olhas no espelho e tudo se altera.
Fazes parte de uma tela de sentidos confusos,
sentes-te pequena
refugias-te no teu lugar seguro.
Deixas a tolerância algures
Apagas tudo o que não merece um único suspiro.

Jan 21, 2009

Estar e não ser


Saltito entre a euforia e a indiferença
Caminho por estradas longas e sem saída
Visto-me entre o verde lima e o cinza
Selo recordações e memórias
Abro gavetas sujas de pó
Vagueio entre indecisões e afirmações
Afasto descrenças e desamores
Confrontada com imagens de anos passados
Abraço a confusão e a certeza
Persigo a multidão e a solidão
Caiem fotos que passaram de validade
Regresso a esse chão que pisei
Anos passados que me alimentam.
Gavetas abertas sem sentido.

Jan 19, 2009

Veneno cura

"Há um momento em que todos nos cruzamos.
Na noite escura.
Quando perdes tudo o que há para Perder, o que é que te faz continuar?
O teu pior?
O teu melhor?
O que te impede de te atirares da ponte na primeira oportunidade?
O que és capaz de fazer para sobreviver à mais terrível das dores?
Amas com as tripas de fora.
O que és capaz de fazer por amor?
Como é que sobrevives com o coração partido?
Quanto tempo dura um sentimento?
Tem prazo?
Já morreste de amor?
Não se pode viver sem amor.
O amor salva.
O amor mata.
O amor cura.
Há um Porto onde se morre de amor.
Há um clube onde tudo é permitido.
Imperatriz.
Vem
."
A vêr, brevemente.

Jan 12, 2009

Por entre ciclos e espirais

Continuo agarrada aos mesmos vícios,
por cada moeda de perdão,
perco um milímetro de amizade,
por cada segundo de independência que desejo,
perco mais um pedaço de compreensão.
A loucura renasce em mim
o controlo descontrolado dos meus actos
Sigo em frente sem olhar a fins
Não me prendam, grito eu
mas desespero quando o lugar já lá não está.
Serás pessoa indesejada pelos actos que tomas?
Serás tu analisado apenas com base nos actos que adoptas?
A tua essência? Deixou de interessar?

Jan 9, 2009

Caixa cheia de...





God save the...madM

Jan 5, 2009

Losing myself

"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. "

Bernardo Soares, in 'Livro do Desassossego'

Jan 2, 2009

Cortar o tempo


"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano cansar-se e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que a partir de agora tudo vai ser diferente."
Carlos Drummond de Andrade

Depois de alguns anos fartos, percebemos que a renovação pode ser possivel, sem recurso a milagres, possivel no início e durante todo o ano. Pensar em cada dia com a vontade de acreditar que tudo pode ser diferente, cada dia do ano, uma nova diferença, uma mais doce outra mais amarga, uma vitória uma derrota, uma promessa cumprida o tempo fugido.

Não desejo confusões, procuro estar ai, desse lado a viver com tudo o que tens para dar. Desejo todos os segundos que o tempo colocou à minha disposição.

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